Best 82 quotes of Filipe Russo on MyQuotes

A existência existe, a vida vive e a humanidade humaniza.

A guerra civil das consciências irrompeu na calada da noite sobre as cinzas do original em ritmo cataclísmico.

A internet e seus súditos derrubarão cada muro de Berlim.

Algumas pessoas fumam pedra, o que explica certas atitudes; outras parecem que fumam pedra, pois explicaria várias atitudes.

A máquina social esmaga o cidadão, gargareja o suco gástrico e o cospe na face da próxima vítima.

A matéria ciliada dos objetos balançava ora movendo-os, ora sugando o vigor de uma presa qualquer.

Ao nascer alguém costurou meu nome na boca do sapo e desde então durmo com fantasmas, acordo com sombras.

Assassino uns colossos para relaxar.

Até agora as fagulhas de minha última grande aurora ainda ricocheteiam por aí me iluminando.

Até nossos filhos nós perdemos, pra morte ou pra vizinha.

Até um dia desses eu só sabia sofrer, mas agora me avolumei numa força feita de fome e recorri ao meu próprio pavor vazio, assustadoramente tão sombrio quanto os mais perversos.

A vida peca contra nós deteriorando-nos, gota a gota, de lágrima.

Caramelizados até o inferno os móveis secretavam sabe demônios quais gorduras, óleos e cera.

Com este grimório eu me conjuro dos mortos me sentenciando à vida.

Como agir sem pressupor? Sem arriscar um experimento à queima-roupa? Pra que viver sem expectativas? Sem a esperança de um prazer desinibido? Aspiro inspirações, inspiro aspirações e vivo elucidações líricas até expirar de vez o sopro de vida para longe, longe do meu peito. Quem sabe até tuas mãos.

Conduzo uma conduta vivaz, ou seja, com a caneta e o caderno eu faço pilates.

Corrijo meu humor vendo breakfast at Tiffany's.

Desde os onze eu tento dar new game na vida.

Durante tanto tempo adormecido, me acumulando no fundo do rio, neste leito de morte eu desperto do torpor.

E antes de enlouquecer de vez a tua face brande em brasas através de mim. E eu, eu te amei.

E com a pele? Eu movo meus cílios para vir e ver a realidade.

Em 2005 pela primeira vez na vida pipocou herpes nos meus lábios em razão de estresse e agora em 2012 as mesmas decidiram me revisitar e ficaram pro chá.

Em noite de Lua cheia eu interfiro nas novelas.

Empurrei meu corpo pra morte, enfim derrotada; me larguei sobre uma encosta íngreme e indevassável; caí rolando, esfolada por pedregulhos, esfaqueada por galhos até um córrego de esgoto? O qual continuou me empurrando para o além, próximo à morte, longe da vida; colado ao verso do inferno.

Ensaiando sobre multiverso e elevando a literatura à liberdade do infinitário eu ergui inventos graciosos para fazer sombra sob a qual cessar de ser.

Escrever produz um processo de decoerência colapsando meus estados quânticos sobrepostos, somando meus valores vetoriais oscilantes e o ângulo de mistura resultante me impele adiante, me compele a compilar tomos e mais tombos de tomos sobre a realidade.

Escrevo para ver se acontece alguma coisa, os medievais estavam certos: o mundo é chato.

Estabilizo meu humor com suco de tangerina, mas nem todos ácidos e açúcares conseguem minimizar a gravidade apocalíptica do desejo.

Eu comensalizo, parasito e predo tudo. Até mesmo a minha dor. Para maximizar minhas chances de sucesso.

Eu enigmatizo a minha vida na esperança de que alguém a resolva. Entre a minha e a do outro há um labirinto de cartas de amor e pedidos de socorro.

Eu escrevo um caixão de gravetos, uma toca de terra; papiro para untar meus restos mortais. Eu escrevo uma salva de saudade, um funeral de flores; epitáfio para demarcar onde a vida morre em paz. Eu escrevo um esqueleto de cálcio sobre o qual nasço, cresço e morro. Você, antropólogo forense, leia meus ossos e relate em corte marcial os crimes e torturas que a vida e o homem afligiram a minha pessoa.

Eu estive sepultado, mumificado, conservado nas catacumbas da linguagem; a esperar o sopro de graça que me devolvesse à vida.

Eu gargalhei até espantar o horror para fora de mim.

Eu guardei as lembranças dos nossos momentos tal qual certos animais acumulam gordura para sobreviver ao inverno.

Eu me consumi em chamas em devoção à literatura em troca de quê? Tudo.

Eu precisava de sustância pensei ao admirar o vir e ir dos transeuntes encarcerados à carne de suas vidas endividadas para com um íntimo já esmagado por forças perversas, anônimas e tão presentes quanto o calor à pele e o frio aos ossos.

Eu preciso que você saiba. Eu preciso que você entenda. Eu preciso que você me ame por causa e apesar de tudo.

Eu reinvento a realidade a minha imagem e tom.

Eu sinto as tuas mãos mais do que as minhas.

Falida, desfalecida e falecida minha coragem não movia membro algum; todos costurados uns aos outros pelas pinças do pavor vazio.

Há em mim verdades que jamais direi, algumas por não saber como e outras só por não querer.

Hoje bem cedo pus-me a pensar, abandonei o corpo em local confortável, seguro, seco e arejado e retirei-me para abstratificações as mais líricas.

Incuti em cada cutícula, emanei via maná, irradiei em alto e bom som as palavras do mais íntimo.

I overthink. I overfeel. I overlive. I overdie.

Mas mesmo assim escrevo cartas de amor, grito pedidos de socorro, envio para o espaço sideral meu desespero humano na esperança de chegar aos ouvidos e mãos de quem me entenda.

Mas nós assoamos nossos sonhos e os jogamos no lixo para que não nos atrapalhem ao atropelarmos nosso íntimo com sexo hostil, amizade nociva e família original de fábrica.

Me movo uma distância de Planck a cada eternidade.

Meu pai sonha com minha formatura, pois saiba, papai, eu nunca vou terminar de me formar mesmo após o esfarelamento final.

Meu queixo caiu pra você, agora queira fazer a gentileza de apanhá-lo ao chão e devolvê-lo junto da vida e liberdade também minhas.

Morrerei por excesso de vida jorrando vivências pelos ares.